Existem hoje muitas metodologias para garantir a alfabetização de crianças pequenas. O método fônico de alfabetização, que já é destaque em vários países espalhados pelo mundo, tem ganhado muita força no Brasil ultimamente. Essa preferência se justifica pelos vários benefícios do método, que incluem a intensa relação com os estudos neurocientíficos e linguísticos atuais e a leitura e escrita avançada adquirida de forma rápida e eficiente.
Mas afinal, o que é o método fônico? Como ele surgiu? Qual seu diferencial? Neste artigo, confira a resposta para essas perguntas e veja também um passo a passo para a alfabetização por meio do método fônico.
O que é método fônico de alfabetização
O método fônico, também chamado de método fonético, é um método de alfabetização que prioriza o ensino dos sons dos grafemas do alfabeto, começando com as letras mais simples (vogais) e caminhando até as mais complexas (consoantes) para, depois, utilizá-las para formar sílabas e palavras.
No Brasil, a metodologia fônica surgiu em meio às críticas ao método da soletração (ou alfabético), que, depois da década de 1980, já não apresentava sucesso como forma de alfabetização de crianças. De acordo com dados de pesquisas, nota-se a presença eficaz do método fônico nos Estados Unidos, Reino Unido e França, onde há, inclusive, registros de aplicação desde 1719.
No método fônico, há um ciclo de alfabetização muito bem definido. Apesar das inúmeras maneiras de desenvolver o caráter significativo da aprendizagem dos alunos, existe uma estratégia para garantir que a alfabetização seja bem-sucedida: cada letra é aprendida como um fonema, ou seja, um som, que, ao ser associado a outras letras, formam sílabas e, dando sequência ao andamento, palavras.
Por seu caráter formativo, somado ao respeito com o ritmo de aprendizagem do aluno, o método fônico é indicado para crianças pequenas, que podem aproveitar cada benefício da metodologia caso ela seja aplicada desde o começo do processo de alfabetização.
Método fônico de alfabetização – passo a passo
Embora seja flexível e adaptável aos contextos, a alfabetização por meio do método fônico segue uma linha essencial de aprendizagem. Confira-a a seguir:
1 – Conhecendo os sons das letras
O primeiro passo para iniciar de fato a alfabetização em sala de aula é fazer com que os alunos conheçam as 26 letras do alfabeto. Válido pontuar que é recomendado começar pelas vogais, uma vez que essas 5 letras são de fácil compreensão e assimilação.
Há várias possibilidades de o professor apresentar os fonemas das letras. O educador que alfabetiza alunos por meio do método fônico pode definir a letra a ser trabalhada no dia e escolher uma palavra significativa (que comece com a letra) para o dia. A partir disso, o educador pode utilizar a palavra em vários contextos, escritos e falados, fazendo com que os alunos compreendam que aquela palavra significativa está relacionada à letra destacada.
Uma outra opção é veicular uma palavra à imagem e som. Essa forma de apresentar as letras é bastante comum nas escolas de Ensino Infantil. A ideia consiste em definir a letra que será estudada no dia e, a partir disso, mostrar ao aluno uma imagem de fácil assimilação que comece com a letra escolhida. Isso pode ser feito por meio de cartas, jogos ou até mesmo vídeos. Essa forma permite, ainda, brincadeiras ligadas à formação de sílabas.
Outros educadores preferem apresentar as letras por meio da contação de histórias, dando, de tal maneira, sentido aos fonemas. Isso permite que os alunos que estão em processo de alfabetização relacionem histórias que já conhecem ao mundo das letras e palavras, ampliando o significado de seu universo de conhecimentos e saberes.
É possível unir e combinar as várias formas de apresentar as letras e seus sons. Nessa apresentação, não pode faltar paciência e criatividade.
K, W e Y no alfabeto brasileiro
Por meio do acordo ortográfico de 1990, que entrou em vigor a partir de 2009, a utilização das letras K, W e Y foram oficializadas como parte do alfabeto do português dos países lusófonos. Antes dessa convenção ortográfica, o alfabeto oficial baseava-se no alfabeto romano e apresentava 23 letras.
O professor do método fônico, para ensinar essas letras que antigamente eram associadas ao estrangeirismo, pode ligá-las às letras que possuem o mesmo som delas (C, V e I) e trabalhá-las através de nomes próprios.
2 – A combinação dos sons
Depois que as crianças em período de alfabetização já são capazes de associar as letras do alfabeto ao seu respectivo som, é realizável a combinação de letras para a formação de sílabas e palavras. Sobre o ensino das sílabas, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê que, no 2º ano do Ensino Fundamental, os alunos já tenham desenvolvido a habilidade de “ler e escrever corretamente palavras com sílabas CV, V, CVC, CCV, identificando que existem vogais em todas as sílabas”.
Uma vez que as sílabas tenham sido ensinadas, o processo de leitura e escrita de palavras se torna mais tranquilo. O professor pode começar com palavras de duas sílabas de estrutura simples (CVCV, como casa e bote) e depois passar para palavras de estrutura menos definida, como as palavras com sílabas que apresentam duas consoantes ou vogal entre consoantes, por exemplo.
Uma atividade muito simples e valiosa para ser aplicada em sala de aula nessa etapa da alfabetização é a de trocar letras para formar as palavras. Para realizá-la, basta o professor escrever uma palavra no quadro e pedir para que os alunos troquem uma vogal da palavra por uma vogal diferente e confiram se a palavra formada existe no português.
O ideal é começar com palavras simples, como trocar as vogais de gato, e aumentar a dificuldade conforme a criança for desenvolvendo sua capacidade de escrita e leitura, propondo, por exemplo, palavras extensas e troca de sílabas.
Nessa etapa, o educador precisa ter muito cuidado para não apresentar sílabas ou palavras de complexidade além daquelas que os alunos conseguem codificar e decodificar. Caso essa capacidade não seja respeitada, o aluno pode não ser alfabetizado de forma efetiva, o que gera reflexos negativos em todo o processo de ensino-aprendizagem pós-alfabetização.
3 – Aprendendo a montar frases
Com um léxico ampliado, as crianças podem elaborar frases juntando seus conhecimentos acerca dos fonemas, grafemas e a combinação de ambos. Uma ideia de atividade instrutória a essa etapa é o professor falar e escrever no quadro uma palavra e solicitar que os alunos formem frases com aquela palavra.
Mais adiante, o professor pode propor atividades que envolvam a elaboração de textos para a prática cotidiana. Dar ideia de temas para que os alunos escrevam listas (como lista de atividades favoritas, melhores amigos e datas comemorativas, por exemplo) e criar situações do dia a dia para que os estudantes escrevam bilhetes são atividades de fácil aplicação que envolvem gêneros textuais importantíssimos para a formação dos alfabetizados.
Depois de um período com foco nas atividades voltadas para o campo de experiência da vida cotidiana, é hora de iniciar a leitura e escrita de textos de gêneros literários, fazendo com que os alunos alfabetizados pelo método fônico tenham contato com a produção artística.
A utilização de poemas e músicas infantis representa um ótimo primeiro passo para esse contato com as artes na escola. Um outro gênero interessante para os alunos é o teatral, que envolve a iniciação à leitura dramática e produção de textos próximos da língua falada.
Além de textos artísticos, faz-se essencial o desenvolvimento da escrita escolar, uma vez que ela é básica para os anos que vão à frente do período de alfabetização. Logo, propor redações com temáticas simples, como escrever como foi o dia, e temas voltados à pesquisa, como escrever sobre a família ou sobre um tipo de animal, por exemplo, também está envolvido com o processo de alfabetização.
A importância do método fônico na alfabetização
Para alfabetizar uma criança por meio do método fônico, é preciso entender as características e o princípio da metodologia:
O método fônico é baseado no ensino do código alfabético de forma dinâmica, ou seja, as relações entre sons e letras devem ser feitas através do planejamento de atividades lúdicas para levar as crianças a aprender a codificar a fala em escrita e a decodificar a escrita no fluxo da fala e do pensamento. PEREIRA, Cleuzira Custodia et. al. Alfabetização: métodos e algumas reflexões. Caldas Novas: UNICALDAS, 2013.
Por misturar tendências cientificas à preocupação com o ritmo infantil, o método fônico de alfabetização se destaca como uma metodologia pensada para o sucesso das crianças. Os alunos, por terem seu tempo de aprendizagem respeitado, compreendem mais facilmente o processo de alfabetização no qual se encontram e atribuem um significado maior aos conteúdos desenvolvidos.
Esse respeito e significação ainda contribuem para um dos grandes diferenciais do método fônico: o tempo de alfabetização. Alguns especialistas em aprendizagem da leitura e escrita destacam que a metodologia em questão alfabetiza as crianças no período de quatro a seis meses. Por envolver rapidez, adequação e bons resultados, a estratégia fônica é o método de alfabetização mais indicado nos documentos oficiais dos países desenvolvidos.
Conclusão
O método fônico ou fonético começou a ser praticado no Brasil para driblar as dificuldades do método alfabético. Direcionada pelo processo fônico gradual, a criança começa a aprender a ler e a escrever a partir da relação entre fonemas e grafemas. Assim, a criança sempre estabelece um diálogo entre as letras e o som que essas letras possuem.
Trata-se de um método muito eficaz de alfabetização, uma vez que permite a aplicação de diversos tipos de atividades de caráter lúdico e a constante consideração do desenvolvimento da criança.
Por ser uma das etapas primárias (e essenciais) no processo de formação das crianças, cabe à escola definir, com base numa pesquisa de contexto e realidade local, qual das metodologias de alfabetização é a mais aplicável e adequada as características dos seus alunos.
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