A infraestrutura é fundamental para o desenvolvimento do comércio de um país, principalmente na logística de transporte e escoamento de sua produção. Nesse sentido, o Brasil vem investindo muito em seus portos nos últimos anos para explorar o potencial que nós temos para nos tornar grandes exportadores.
Conversamos com Renan Queiroz, gerente de agenciamento, André Nogueira, supervisor de agenciamento (ambos da Wilson Sons), e Mateus Melo, gerente geral do CRBSM — Consórcio de Rebocadores da Baía de São Marcos (uma empresa da Wilson Sons Rebocadores), para falar sobre um dos grandes destaques brasileiros: o Porto de Ponta da Madeira. Veja qual é o seu tamanho hoje, seu papel na exportação de minério e por que ele é tão importante para o comércio do país. Acompanhe!
Mais de 30 anos do Porto de Ponta da Madeira
O Terminal Marítimo de Ponta da Madeira foi inaugurado em 6 de janeiro de 1986 em São Luís do Maranhão, adjacente ao porto de Itaqui.
A escolha do local foi feita devido às condições ideais de localização geográfica e das características de profundidade natural da baía de São Marcos, permitindo que ele se tornasse um importante terminal para atracação de navios de grande porte.
O porto PDM é particular, gerenciado hoje pela Vale e pensado para atender a necessidade de escoamento de minério de ferro e manganês provenientes de Carajás — o trajeto é todo feito por modal ferroviário.
O Porto de Ponta da Madeira em números
Para entender as dimensões superlativas de Ponta da Madeira, podemos analisar os números que impressionam no terminal. André dá o primeiro panorama: “o porto comporta até 5 navios simultaneamente (Píer I, III Sul, III Norte, IV sul e IV Norte) com uma média mensal por volta de 100 escalas”.
Para ele, a logística interna do terminal é bem avançada em termos tecnológicos e de produção diária, a disposição de equipamentos é feita de forma estratégica para que o descarregamento dos trens não tenha muita influência sobre a velocidade de carregamento dos navios.
“Considerando a capacidade nominal de cada ‘ship loader’ do terminal durante 24h com os 5 berços ocupados e em operação constante, pode-se afirmar que a produção pode alcançar os 1.296.000 milhões de toneladas de minério por dia. A média de produção mensal do terminal é por volta de 20 milhões de toneladas carregadas”, acrescenta.
Renan complementa dizendo que “de acordo com informações da ANTAQ, o terminal é líder em movimentação de carga no país desde 2014, tendo registrado movimentação de aproximadamente 198 milhões de toneladas no ano de 2018″.
A própria Vale corrobora esses números incríveis ao dar mais algumas características sobre o PDM:
600 km² de área;
55 milhas náuticas de canal de acesso;
7 áreas de fundeio;
1,6 km de ponto de acesso;
profundidade de 25 metros no Píer IV, tornando o terminal um dos dois únicos no mundo a poder receber navios com 23 metros de calado — excluindo-se petroleiros em alto-mar.
Importância do porto para o comércio brasileiro
Geograficamente, podemos dizer que o Porto de Ponta da Madeira faz parte do Arco Norte, mas é bom diferenciá-lo dos outros terminais nesse grupo que são mais relacionados à exportação de grãos.
PDM contribui para a potência comercial brasileira em outra questão: sendo o grande portal de saída para a produção de minério do país. Para Mateus Melo, um dos principais diferenciais dos portos do Maranhão é a localização. “Devido ao posicionamento geográfico, os portos estão mais próximos dos principais mercados consumidores (EUA, UE e China) e Canal do Panamá. Outro ponto que merece destaque é o teor de Ferro (Fe) encontrado no minério da Mina de Carajás, que chega a 66,7%, o que faz deste um dos produtos de maior qualidade no mundo”, indica.
Renan Queiroz também aponta que “no ano de 2018, a exportação brasileira de minério somou US$20,215 bilhões e representou 8,4% do total vendido pelo país, sendo que a Vale tem hoje (de acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil), uma fatia entre 70 a 80% do montante de minério de ferro exportado.”
Ligando esses números à relação vital entre Ponta da Madeira e a Serra dos Carajás, o porto se tornou vital para a estratégia de escoamento de uma commodity muito relevante para a economia brasileira. André completa: “o terminal de Ponta da Madeira é o mais importante para a Vale no Brasil por sua localização e condições físicas que oferecem uma grande vantagem operacional e comercial frente aos outros locais.”
Ele continua: “o terminal de Ponta da Madeira tem se mostrado muito estratégico para o plano de crescimento da Vale frente aos seus clientes da Austrália, por exemplo. Devido a sua capacidade de movimentação mensal e os projetos ininterruptos de aprimoramento e expansão, o terminal é de suma importância para a movimentação do comércio nacional.”
O panorama para hoje e para o futuro
Mesmo com uma leve retração em 2019 (fruto de um período atípico de chuvas intensas na Região Norte), a atividade no terminal de Ponta da Madeira continua em sólida evolução ao longo dos últimos anos.
Os investimentos constantes da Vale e a demanda constante pelo custo-benefício da carga exportada a partir de PDM garantem que esse crescimento continue a todo o vapor no futuro.
A relação entre o porto e o complexo S11D
O maior motivo para otimismo na expansão da produtividade em Ponta da Madeira vem de um projeto inovador e imenso da Vale no município de Canaã dos Carajás, conhecido como Complexo S11D Eliezer Batista.
Ele é tratado pela empresa como o maior complexo minerador de sua história, com aporte de 6,4 bilhões de dólares em investimentos e mais de 40 mil profissionais envolvidos.
O objetivo é apostar em inovação, automação e sustentabilidade para não só aumentar a extração como melhorar a qualidade do ferro produzido — tornando o material ainda mais atrativo para o mercado internacional.
Na ponta desse projeto inédito na história do Brasil está o PDM: o terminal é o principal escoador do produto originado em Carajás e também recebe investimentos para se adequar a novos tempos.
Pensando em tudo o que o Porto de Ponta da Madeira já significa para o país e o futuro que vislumbramos para a exportação de minério, ele pode ser considerado hoje um dos mais importantes para o comércio e a economia do Brasil em relação a outros países. E sua relevância tende a crescer com o passar do tempo e os investimentos previstos para a infraestrutura.
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